
Logo no início da nossa trajetória lá em Cachoeirinha/RS, tomamos uma decisão firme: não aceitar peças fornecidas pelos clientes. Era uma forma de garantir a qualidade do serviço e evitar dores de cabeça — afinal, peça errada ou de baixa qualidade, adivinha quem leva a culpa? A oficina.
Mas abrimos uma exceção.
Um cliente muito querido, que já acompanhava nosso trabalho, apareceu com uma embreagem que ele mesmo havia comprado. Na intenção de ajudar e com o coração mole, decidimos aceitar. Deixamos claro que, por política da oficina, não poderíamos oferecer garantia sobre peças que não fornecemos. O cliente entendeu, seguimos com o serviço… mas aí começou o caos.
Quando desmontamos o Clio no elevacar, descobrimos que a peça estava errada. Carro desmontado, espaço ocupado, e nós sem conseguir resolver na hora. Assumimos a missão e fomos até a autopeças tentar trocar.
Lá, fomos recebidos com arrogância: disseram que nós é que estávamos aplicando a peça errada. Voltamos pra oficina, desmontamos tudo e então percebemos: o problema era maior do que parecia. A embreagem é formada por três partes — disco, rolamento e platô — e o platô que estava no carro já era errado desde antes!
Ou seja: alguém, em algum momento, já tinha feito uma “salada de fruta” nesse Clio.
Resultado? Tivemos que comprar outra embreagem, reaproveitar o que dava da que ele trouxe, usar peças novas… e no fim, conseguimos entregar o carro 100%. O cliente entendeu tudo, ficou super grato pela dedicação e transparência.
Hoje, já se passaram três anos, e ele continua com a gente até hoje. Mas uma coisa ficou clara desde então:
Nunca mais aceitamos peças fornecidas pelo cliente.
Essa história nos ensinou que, mesmo tentando ajudar, o prejuízo pode vir todo pra oficina. Por isso, seguimos firmes com nossa política — não é rigidez, é responsabilidade.